Represamento de violência em modos de habitar territórios de mineração
Palavras-chave:
Represamento de Violência, Mineração, Barragem de Rejeitos, BahiaResumo
Como parte de um trabalho que combinou análise documental e etnográfica dos impactos de uma barragem de rejeitos de minérios na região nordeste (em Caetité – Bahia), buscou-se entender o fenômeno do represamento da violência em modos de habitar dos atingidos por barragem. Dados de plataformas digitais e de contextos de interação com os atingidos indicam as formulações que fizeram a barragem aparecer como empreendimento capaz de impulsionar o desenvolvimento industrial da região e as estratégias de resistência empreendidas pelos atingidos. A extração e beneficiamento de minério nos territórios tomados pela pesquisa a que este texto se reporta como seu campo empírico destroi parte da biodiversidade local, deslocam famílias e utilizam a mão de obra local para o trabalho braçal. O resultado da extração e beneficiamento, a suposta riqueza, é deslocado para outros territórios e, inicialmente, a violência resultante do processo fica represada nos modos de vida local, violência que materializa as diversas opressões relacionadas à mineração
Referências
Acselrad, H. (2010). Ambientalização das lutas sociais ? o caso do movimento de justiça ambiental. Estudos Avançados (USP.Impresso), 24(68), 103-120.
Acselrad, H., H. (2002). Justiça Ambiental e Construção Social do Risco. In: XIII Encontro Nacional da ABEP, 2002, Outro Preto. Anais do XIII Encontro Nacional da ABEP. Ouro Preto: Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP..
Biocca, M. (2020) Introducción: Zonas de sacrificio. Neo-extractivismo y pueblos indígenas en la era post-neoliberal. Etnografías Contemporáneas, [S. l.], v. 6, n. 11.
Bourdieu, P. (2006). O camponês e seu corpo. Rev Sociol Política, 26, 83-9
Bulamah, R. C (2020). Pode um porco falar? Doença, sistemas e sacrifício no Caribe. Horiz. antropol., 26(57), 57-92.
Cardozo, F. A. C., Pimenta, M. M. y Zingano, A. C. (2017). Métodos construtivos de barragens de rejeitos de mineração – uma revisão. Holos, 8, 77-85.
Carvalho, J.B. (2019). Quais os desafios e contradições da mineração na Bahia? / Entrevistado por Jamile Araújo. Brasil de Fato. 20 de novembro de 2019. <https://www.brasildefatoba.com.br/2019/11/20/quais-os-desafios-e-contradicoes-da-mineracao-na-bahia-1>
Copetti, C.y Lottermann, O. (2010). Em busca da justiça ambiental e do desenvolvimento sustentável na sociedade de risco. Desenvolvimento em Questão, 8(15), 133-152.
Cruz, E. P. da. (2020a). Plantas em mãos habilidosas e em modos específicos de ver: Uma etnografia em cenários botânicos. Vivência – Revista de Antropologia, 1(54), 173-191.
Cruz, E. P. da. (2020b). Quando biólogos olham para os bichos: Caatinga, ecologia e zoologia entre vida, trabalho e morte. Horizontes Antropológicos, 26(57), 115-144
Geertz, C. (2017). A interpretação das culturas. LCT.
Governo do Estado da Bahia (2019). Plano Plurianual — PPA 2020 – 2023. Disponível em: <https://www.seplan.ba.gov.br/wp-content/uploads/03PPA_2020-2023_Publicado-PROGRAMAS_PODER_EXECUTIVO.pdf>. Acesso: Dezembro 12, 2019.
Gudynas, E. (2015). Extractivismo en América del Sur y sus efectos derrame. La Revista Boletín 76, Sociedade Suiza Americanista, 13-26.
Guimarães, V. T. (2018). Justiça ambiental no direito brasileiro: fundamentos constitucionais para combater as desigualdades e discriminações ambientais. Teoria jurídica contemporânea, 3(1), 33-63.
Haraway, D. (2023). Ficar com o problema: fazer parentes no Chthluceno. n-1 edições.
Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras.
Marinho, V. de N. M.(2020). Hidroelétricas na Amazônia Brasileira: considerações sobre os impactos na pesca artesanal nos rios Xingu (Pará) e Araguari (Amapá). Vivência: Revista de Antropologia, 1(53), 35-47.
Movimento pela Soberania Popular na Mineração (2017). No sudeste da Ba Comunidades debatem impactos do maior projeto de mineração de ferro do estado. Mam Nacional. <https://mamnacional.org.br/2017/05/31/no-sudoeste-da-ba-comunidades-debatem-impactos-do-maior-projeto-de-mineracao-de-ferro-do-estado/>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Nash, J. (1985). Resistencia cultural y conciencia de clase en las comunidades de las minas de Estaño de Bolivia. Allpanchis, 116-132.
Rabelo, M. C. M (2020). Obrigações e a construção de vínculos no candomblé. Mana, 26(1), 1-31.
Ribeiro, G. L. (2008). Poder, redes e ideologia no campo do desenvolvimento. Novos estudos CEBRAP, n. 80, p. 109–125, mar. 2008.
Santos, G. (6 de junho de 2019). Manifestação contra barragem de rejeitos leva multidão às ruas de Guanambi. Agencia Sertao. https://agenciasertao.com/2019/06/06/manifestacao-contra-barragem-de-rejeitos-leva-multidao-as-ruas-de-guanambi/. Acesso em: 13 ago. 2020.
Setti, R. (2024). O tombo da venda de ferro e aço brasileiros para Argentina sob Milei. O globo. https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2024/02/o-tombo-da-venda-de-ferro-e-aco-brasileiros-para-a-argentina-sob-milei.ghtml
Wolf, E. R (2003). A Virgem de Guadalupe: um símbolo nacional mexicano. En Antropologia e Poder: contribuições de Eric R. Wolf (pp. 219-226). Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Editora Unicamp.
Zhouri, A. (2016). O desastre da Samarco e a política das afetações: classificações e ações que produzem o sofrimento social. Ciência Cultura, 68(3), 36-40.
Zhouri, A. (2018). Introdução: Produção de conhecimento em um ‘campo minado’. En Mineração, violências e resistências: um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil (7-25). Editorial iGuana; ABA.
Zhouri, A. (2019). Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce. Revista Pós-Ciências Sociais, 16(32), 51-68.
Zhouri, A. (2020). Conflitos Ambientais e Justiça Ambiental. Revista Cadernos de Ciências Sociais da UFRPE, 1(16), p. 8-18.
