O Brasil e a MINUSTAH
Forças armadas e a perpetuação de estigmas na tentativa de reconstruir a nação haitiana
Palavras-chave:
Estigmas, Raza, Percepción, Poder colonial, HaitíResumo
El artículo analiza ideas y expresiones específicas sobre Haití y los haitianos que han sido construidas por agentes que actúan internacionalmente desde una posición de poder. A partir de ahí, examina cómo tales ideas y expresiones, convertidas en estigmas, influenciaron las discusiones que llevaron a la decisión brasileña de comandar la Misión de las Naciones Unidas para la Estabilización de Haití (MINUSTAH). Después de la independencia de Haití, las potencias coloniales impidieron que los ideales libertarios haitianos se extendieran a otras colonias, tratando de aislar a ese país del resto del mundo mediante el uso de diferentes instrumentos, incluidos los estigmas. La hipótesis del artículo es que estos estigmas fueron importantes en la decisión brasileña de comandar la MINUSTAH, lo que llevó a Brasil a alejarse de su tradicional posición diplomática. En última instancia, al comandar la operación de la ONU, Brasil contribuyó al mantenimiento de una relación colonial con Haití. En resumen, los autores sostienen que la estigmatización influyó en la percepción de los brasileños sobre Haití, permitiendo al gobierno justificar la decisión de ordenar la intervención milita
Referências
Abdenur, A. E., Call, C. T. A. (2017). “Brazilian Way”? Brazil’s Approach to Peacebuilding. Em C. Call e C. Coning (Eds.). Rising Powers and Peacebuilding, Rethinking Peace and Conflict Studies (15-38). Palgrave Macmillan.
Aguilar, S. L. C. (2008). Uma Cultura Brasileira em Operações de Paz. Caderno GAP Conflitos III. Contribuiçoes Brasileiras as Missoes de Paz da ONU. Gramma.
AFP. (09 de outubro 2021). Haiti condena as declaraçoes ‘racistas’ de Trump sobre migrantes. Carta Capital. https://www.cartacapital.com.br/mundo/haiti-condena-as-declaracoes-racistas-de-trump-sobre-migrantes/.
Amorim, C. (2015). Teerã, Ramalá e Doha. Memórias da Política Externa Ativa e Altiva: memórias de uma política externa ativa e altiva. Benvirá.
Andrade, E. O. (2016). A primeira ocupaçao militar dos EUA no Haiti e as origens do totalitarismo haitiano. Revista Eletrônica da ANPHLAC, 20(s/n), 173–196. https://10.46752/anphlac.20.2016.2492.
Anievas, A., Manchanda, N., Shilliam, R. (2015). Race and Racism in International Relations: confronting the global colour line. Routledge.
Alsina Jr., J. P. S. (2017). Grand Strategy and Peace Operations: the Brazilian Case. Revista Brasileira de Política Internacional, 60(2), e004.
Baccocina, D. (01 de junho de 2005a). Missao no Haiti corre risco de fracassar, diz general brasileiro. BBC. https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2005/06/050601_haitibacoccina
Baccocina, D. (15 de novembro de 2005b). Grupo acusa tropas brasileiras de abusos no Haiti. BBC. https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2005/11/051115_denizehaiti
Barbosa Junior, I. (2019). O Planejamento e o Início da Missao. Em Centro de Instruçao Almirante Sylvio de Camargo (CIASC). 13 anos do Brasil na MINUSTAH: lições aprendidas e novas perspectivas. Instituto Igarapé.
https://igarape.org.br/wp-content/uploads/2019/11/livrosemhaiti13.pdf
Barth, F. (1969). Ethnic Groups and Boundaries. The Social Organization of Cultural Difference. Little, Brown and Company.
Beckett, G. (2014). The Art of Not Governing Port-Au-Prince. Social and Economic Studies, 63(2). 31–57.
Bersani, A. E., Joseph, H. (2017). O Brasil e a diáspora haitiana. Temáticas, 25(49). https://10.20396/tematicas.v25i49/50.11126
Brasil. (14 de maio de 2004). Diário da Câmara dos Deputados. Ano LIX. https://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD14MAI2004.pdf
Caixeta, M. B., Santos, M. C. R. (2022). De(s)colonizando a Cooperação Sul-Sul: um marco analítico fundado no pós-desenvolvimento e no comum. Rebela. 12(1), 57-81.
Castro, C., Marques, A. (Eds.). (2019). Missão Haiti: A visão dos force commanders. FGV Editora.
Cavalcanti, L., Oliveira, A. T., Araújo, D., Tonhati, T. (2017). A inserçao dos imigrantes no mercado de trabalho brasileiro. Relatório Anual. Série Migrações. DF: OBMigra. https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/dados_anuais/RELATORIO_FINAL_PDF_CRGD.pdf
Cazumba, R. A. (2022). Mitos e Mitologias sobre a Participação Militar Brasileira no Haiti. Appris Ed.
Dandicat, E. (2004). Thomas Jefferson: The Private War: Ignoring the Revolution Next Door. Revista Time. https://time.com/archive/6738877/thomas-jefferson-the-private-war-ignoring-the-revolution-next-door/
DETAQ. (13 de maio de 2004). Câmara dos Deputados: Plenário. Sessão 089.2.52.O. https://www.camara.leg.br/internet/plenario/notas/extraord/2004/5/EV130504.pdf
Diehl, F. (2016). O fenômeno da estigmatizaçao dos imigrantes haitianos em Lajeado no Rio Grande do Sul. Barbarói, 47, 90-106. https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i47.9569.
Dussel, En. (2009). Meditaciones anti-cartesianas sobre a origem do anti-discurso filosófico da modernidade. Em B.S. Santos e M.P. Menezes (Eds.). Epistemologias do Sul (283-335). Almedina.
Fanon, F. (2001). Los Condenados de la Tierra. Fondo de Cultura Económica (FCE).
Fernandes, L. (18 de março de 2019). Fantasmas de massacre no Haiti assombram generais do governo Bolsonaro. Brasil de Fato. https://www.brasildefato.com.br/2019/03/18/fantasmas-de-massacre-no-haiti-assombram-generais-do-governo-bolsonaro
Ferreira, R. R. (2019). O Combatente Cordial e a Guerra em Tres Quarteiroes. Em Centro de Instruçao Almirante Sylvio de Camargo (CIASC). 13 anos do Brasil na MINUSTAH: lições aprendidas e novas perspectivas. Instituto Igarapé.
https://igarape.org.br/wp- content/uploads/2019/11/livrosemhaiti13.pdf
Galeano, E. H. (28 de setembro de 2011) Haiti: País Ocupado. Biblioteca Nacional de Buenos Aires, 12.
Galeano, E. H. (26 de julho de 1996). Os Pecados do Haiti. Jornal Brecha.
Goffman, E. (1963). Stigma: Notes on the Management of Spoiled Identity. Simon & Schuster.
Gomes, M. S. (2014). A “pacificação” como prática de “política externa” de (re)produção do self estatal: rescrevendo o engajamento do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). [Tese de Doutorado em Relaçoes Internacionais]. PUC-RJ.
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/24744/24744.PDF
Guerra, L. (2018). Raça, racismo e operaçoes de paz: uma análise crítica da MINUSTAH. Revista Neiba: Cadernos Argentina Brasil, 7. https://doi.org/10.12957/neiba.2018.39130
Hebblethwaite, B. (2015). The Scapegoating of Haitian Vodou Religion: David Brooks’s (2010) Claim That “Voodoo” Is a “Progress-Resistant” Cultural Influence. Journal of Black Studies, 46(1), 3-22.
Howell, A., Richter-Montpettit, M. (2020). Is securitization theory racist? Civilizationism, methodological whiteness, and antiblack thought in the Copenhagen School. Security Dialogue, 51(1), 3-22.
Jabor, A. [Jornal da Globo] (14 de janeiro de 2010). Arnaldo Jabor: a história do Haiti é um monstrengo político. https://globoplay.globo.com/v/1190540/
James, C. L. R. (2000). Os jacobinos negros. Boitempo Editorial.
James, E. (2010). Democratic Insecurities: Violence, Trauma and Intervention in Haiti. University of California Press. Jornal Hoje. (22 de outubro de 2014). Imigrantes haitianos sao vítimas de preconceito e xenofobia no Paraná. G1. https://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/10/imigrantes-haitianos-sao-vitimas-de-preconceito-e-xenofobia-no-parana.html
Joseph, H. (2017). A historicidade da (e)migraçao internacional haitiana. O Brasil como novo espaço migratório. Périplos: Revista de Estudos sobre Migrações, 1(1), 7–26. https://periodicos.unb.br/index.php/obmigra_periplos/article/view/5866
Joseph, H., Joseph, R. M. (2015). As Relaçoes de Genero, de Classe e de Raça: mulheres migrantes haitianas na França e no Brasil. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, 9(2).
Lee, S., Bartels, S. (2020) “They Put a Few Coins in Your Hands to Drop a Baby in You”: A Study of Peacekeeper-fathered Children in Haiti. International Peacekeeping, 27(2), 117-209. https://doi.org/10.1080/13533312.2019.1698297
MacGinty, R., Firchow, P. (2016). Top-down and bottom-up narratives of peace and conflict. Politics, 36(3), 1-16. Maissonnave, F. (7 de julho de 2021). Pobreza extrema inviabiliza estabilidade no Haiti, país mais pobre do hemisfério Ocidental. Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/07/pobreza-extrema-inviabiliza-estabilidade-no-haiti-pais-mais-pobre-do-hemisferio-ocidental.shtml
Mamed, L. H. (2017). Trabalho, migraçao e genero: a trajetória da mulher haitiana na indústria da carne brasileira. Temáticas, 25(49/50), 139-176.
Malik, S. (2015). Challenging Orthodoxy: Critical Security Studies. Em P. Hough, B. Pilbeam e W. Stokes. International Security Studies: theory and practice, 31-43. Routledge.
Marques, A. A. (2021). Conexao Porto Príncipe-Brasília: a participaçao em missoes de paz e o envolvimento na política doméstica. Em J. R. Martins Filho (Ed.). Os Militares e a Crise Brasileira, 247-257. Alameda.
Marra, R. (17 de maio de 2024). Advogados no Quenia tentam bloquear envio de policiais ao Haiti. Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2024/05/advogados-no-quenia-tentam-bloquear-envio-de-policiais- ao-haiti.shtml
Mbembe, A. (2014). Crítica da Razão Negra. Antígona Editores Refractários.
Melo Rosa, R. (2006). A construção da desigualdade no Haiti: experiências históricas e situações atuais. Universitas: Relaçoes Internacionais, 4(2), 1-25. https://doi.org/10.5102/uri.v4i2.160
Murdocca, C. (2020). ‘Let’s help our own:’ Humanitarian compassion as racial governance in settler colonialism, Oñati Socio-Legal Series, 10(6), 1270-1288. https://opo.iisj.net/index.php/osls/article/view/1111
Mullings, B., Werner, M., Peake, L. (2010). Fear and Loathing in Haiti: Race and Politics of Humanitarian Dispossession. ACME: An International E-Journal for Critical Geographies, 9(3), 282-300.
Neiburg, F. (Ed.). (2019). Conversas etnográficas haitianas. Papéis Selvagens. O Joio e o Trigo. (5 de agosto de 2021). Em Santa Catarina, um terço dos casos de discriminaçao no trabalho sao contra haitianos e africanos. Carta Capital. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/em-santa-catarina-um-terco-dos-casos-de-discriminacao-no-trabalho-sao-contra-haitianos-e-africanos/
Okado, G. (2017). A Comissao de Relaçoes Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e a MINUSTAH: entre a resistencia inicial e a abdicaçao. Em E. Hamann, C. A. R. Teixeira (Eds.). A participação do Brasil na MINUSTAH (2004-2017): percepções, lições e práticas relevantes para futuras missões. Instituto Igarapé.
Oliveira, W. A. (2020). Brazilian Way of Peacekeeping: o Jeito Brasileiro nas Operaçoes de Manutençao da Paz. Defesa Aérea & Naval. https://www.defesaaereanaval.com.br/exercito/brazilian-way-of-peacekeeping-o-jeito-brasileiro-nas-operacoes-de-manutencao-da-paz.
Oyewumí, O. (2002). Visualizing the Body: Western Theories and African Subjects. Em P. Coetzee, A. P. J. Roux (Eds.). The African Philosophy Reader, 391-415. Routledge, 2002.
Patrick, I. (2017). Aquilo que Resta de Nós. Páginas Editora.
Pereira, A. H. O Primeiro Ano da MINUSTAH. Em Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC). 13 anos do Brasil na MINUSTAH: lições aprendidas e novas perspectivas. Instituto Igarapé.
https://igarape.org.br/wp-content/uploads/2019/11/livrosemhaiti13.pdf
Quijano, A (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Em L. Lander (Ed.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais, 117-142. CLACSO. http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sursur/20100624103322/12_Quijano.pdf
Reynolds, J., Kendi, I. X. (2020). Stamped: Racism, Antiracism, and You: A Remix of the National Book Award-winning Stamped from the Beginning. Brown Books for Young Readers.
Rocha, C. (20 de abril de 2021). Racismo e xenofobia contra haitianos em ônibus em Cuiabá sao apurados pela polícia; veja video. G1.
Sant’Ana, P. G. I. (2022). Migração e refúgio: convergências e contradições entre as políticas implementadas pelo Brasil no século XXI. https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1196
Santiago, A. E. (2022). As forças de paz ou a paz à força: etnografia de uma missão de paz da ONU no Haiti. [Tese de Doutorado em Antropologia Social]. Universidade Federal de Sao Carlos.
Seitenfus, R. (2015). O buraco negro da consciencia ocidental. Letras de Hoje, 50(5), 62-75.
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2015.s.23140
Seguy, F. (2009). Globalização neoliberal e lutas populares no Haiti: crítica à modernidade, sociedade civil e movimentos sociais no estado de crise social haitiano. [Dissertaçao de Mestrado em Serviço Social]. Universidade Federal de Pernambuco.
Silva, V. P. (2021). A Palavra tem força: uma psicologia do axé e dos encantamentos. [Tese de Doutorado em Psicologia]. Universidade Federal Fluminense (UFF).
Sprandel, M. A. (2015). Migraçao e Crime: a lei 6.815, de 1980. Revista Interdisciplinar de Mobilidade Humana, 23(45), 145-168. https://doi.org/10.1590/1980-85852503880004508
Schuller, M. (2012). Killing with Kindness. Haiti, International Aid, and NGOs. Rutgers University Press.
Sylvester, C. (2010). War, Sense, and Security. Em L. Sjoberg. Gender and International Security: feminist perspectives. Routledge.
Trouillot, M. R. (2020). The Odd and the Ordinary: Haiti, the Caribbean and the World. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, 17(e17553). https://doi.org/10.1590/1809-43412020v17j553
Trouillot, M. R. (2016). Silenciando o passado: poder e a produção da história. Huya editorial.
Vigevani, T., Cepaluni, G. (2017). A política externa de Lula da Silva: a estratégia da autonomia pela diversificaçao. Contexto Internacional, 29(2), 273-335.